Repente e Viola São Paulo - Brasil: 2014

"Repente a arte de um povo"

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Flor do Mucambo - Poeta APOLÔNIO CARDOSO


Dedico a você que está me ouvindo,
E talvez sentindo saudade também,
Óh flor do Mucambo vestida de luto,
Herança de um fruto dos beijos de alguém.

Foi de madrugada, quando eu te beijei.
Parti e chorei vendo a imagem sua.
Poeta boêmio sem felicidade,
Cantando saudade aos raios da lua.

Você flor divina, tão simples, tão bela.
Óh flor amarela do meu pé de jambo.
Sou triste poeta cativo, mas amo e
Por isso lhe chamo de Flor de Mucambo.

Não tenho riqueza pra lhe ofertar,
Navio e nem mar em Copacabana.
Só tenho a viola, a vida e o mulambo,
Óh flor do Mucambo da minha choupana.

Lhe  dou as estrelas, a lua, cascatas,
O campo e a mata, o riso e o pranto,
Estrela cadente, luz de vagalume.
Venha dar perfume aos versos que eu canto.

Ateio os guerreiros da vil raça humana
E o homem que engana ao seu fiador.
Eu morro brigando no céu e na terra
E até faço guerra pra ter seu amor.


Me dou um peixinho que morre na areia,
A voz da sereia que canta escondida.
Eu só quero apenas que os dias seus
Se unam aos meus nos dramas da vida.

Bem veio a inocência que tem no seu riso.
Eu fico indeciso sem saber o que faça.
Você é poema de felicidade cantando
Saudade na alma da raça.

Quando a mocidade voar, for embora,
O romper da aurora sem saber por quê.
Aí chorarei já quase no fim,
Com pena de mim, pensando em você.

Termino o poema olhando pra lua,
Linda deusa lua, que sente ciúme.
Óh flor do Mucambo dos meus desenganos,
Com passar dos anos não perca o perfume.